Mulheres e cachaça

21/05/2011 21:32

 Esqueça a imagem do homem que bate com o copo na mesa, vira num só gole a dose de aguardente e estala a língua para mostrar que agüentou firme o fogo da cana na garganta. É com a participação de um grupo de mulheres que a cachaça gaúcha se afasta desse estereótipo e pouco a pouco conquista reconhecimento como um produto de qualidade. E o melhor: não arranha a goela. 

Patrícia Braga (cachaça Dom Braga), Jeanine Sangalli (Água da Pipa), Luzia Abreu (Bento Albino), Cristiane Barcelos (Moenda Nobre) e Carla Adam (Moenda Nobre) formam uma turma unida. Estão à frente de quatro alambiques do Rio Grande do Sul que produzem por ano 110 mil litros de cachaça. 
É pouco se comparado com os cerca de 500 milhões de litros que o Brasil produz em alambiques, ou mesmo com os 15 milhões de litros fabricados no Rio Grande do Sul. Mas não é em quantidade que a bebida das gaúchas pretende se destacar. Um dos desafios das cinco empresárias é enfrentar a idéia de que cachaça é coisa para homens e construir um mercado para o produto de qualidade. 
A relação foi construída durante a convivência nas reuniões do grupo Alambiques Gaúchos, que reúne 17 estabelecimentos e é coordenado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Hoje, as cinco mulheres são muito mais amigas do que concorrentes. 
Recentemente, os alambiques administrados pelas integrantes do grupo se uniram para comprar mais barato cerca de 12 mil garrafas de vidro, em um negócio que envolveu também a cachaça Weber Haus. Nas feiras nacionais e internacionais, as empresárias dividem estandes e engrossam o coro do Alambiques Gaúchos, lembrando que das 29 marcas de cachaça com qualidade certificada segundo padrões do Instituto Nacional de Metrologia, 11 são do Rio Grande do Sul. 

Um aumento da ligação das mulheres com o negócio da cachaça e a possibilidade de se trabalhar o público feminino como consumidor foi constatado no estudo acadêmico que Carla Adam fez sobre o mercado, antes de investir R$ 300 mil para montar o próprio alambique, no ano passado. 

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